Por:Turismo de Minas
nov 2018
Atualizado em: 09/07/2020 ás 13:05
Nossa viagem por Conceição do Mato Dentro foi muito melhor do que esperávamos. Sempre fomos afim de conhecer a Cachoeira do Tabuleiro, mas nunca tínhamos programado uma ida lá. Até passamos pela cidade durante a expedição que fizemos, em 2016, mas estava chovendo muito e a trilha estava interditada.
Foi então que a Anglo American nos convidou para conhecer as melhorias que eles tinham feito nas trilhas das cachoeiras do Tabuleiro e Rabo de Cavalo, uma fazenda produtora de queijo, e a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, que está sendo restaurada.
Aproveitamos a deixa para fazer também um city tour pelo centro histórico, passando pelo Mercado Municipal, pela Cadeia Antiga, pelo Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos, pela Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, e pela Capela de Santana.
O lugarejo surgiu no início do século XVIII, mas só em 1842, Conceição do Mato Dentro deixou de ser distrito do Serro. Por ali passavam os tropeiros, que levavam ouro até os portos do Rio de Janeiro (Estrada Real). Atualmente, o ouro negro (minério de ferro) escorrega pelo mineroduto até o litoral, e é distribuído para o mundo.
A cidade fica a 163 km de Belo Horizonte, tem 18 mil habitantes e é considerada a capital mineira do ecoturismo.
A Cachoeira do Tabuleiro fica no distrito de Tabuleiro, a 20 km da cidade. Chegando no distrito são mais 2 km até a entrada do Parque Natural Municipal do Tabuleiro. O percurso leva cerca de 40 minutos de carro, em estrada de terra.
Chegando no parque fomos fazer a trilha do poço, que tem 2 km de extensão e leva cerca de 2h para ir e mais 2h30 para voltar. A primeira parte do trajeto é praticamente uma escadaria, com quase 700 degraus, mas que está muito bem estruturada e sinalizada, com escadas, corrimão e placas informativas. A última parte é feita caminhando sobre as pedras, no leito do rio, um pouco mais difícil que a primeira pernada.
Ao chegar no poço da cachoeira do Tabuleiro o esforço é logo compensado. São 273 metros de queda d´água, que a consagra como a maior cachoeira de Minas Gerais e a terceira maior do Brasil.
Depois de nadar e curtir o visual, é bom fazer um lanche para repor as energias, antes de retornar a portaria do parque. O caminho de volta é mais cansativo, pois a gente tem que subir toda a escadaria que descemos.
A entrada do parque custa R$ 10. Além da trilha que fizemos tem também a Trilha do Mirante, que são só 700 metros, e a trilha do alto, que são 8 km. É muito importante usar roupas e sapatos adequados, além de passar protetor solar e levar água e lanche. Vale lembrar que fomos no período de seca, o que facilita o acesso, pois o rio está mais baixo, mas por outro lado a queda d´água fica mais minguada.
Eu achei que o percurso seria bem mais difícil. Não que seja fácil, mas se você estiver preparado com o mínimo de condicionamento físico, consegue fazer a trilha numa boa, no seu ritmo. As intervenções que a Anglo American fez facilitaram muito a vida dos que visitam o atrativo.
A Cachoeira Rabo de Cavalo fica no distrito de Itacolomi, a 15 km da cidade. Depois são mais 11 km até o Parque Estadual Serra do Intendente e o início da trilha. O percurso dura cerca de 1 hora de carro, em estrada de terra.
A trilha tem 1,5 km e leva cerca de 40 minutos. O trajeto é quase todo plano e bem leve. Pontes, escadas e corrimões auxiliam nos trechos mais complicados, mas nada de mais.
Antes de descer até o poço tem um mirante, que rende belas fotos. A cachoeira é maravilhosa, com 192 metros de altura. Achei até mais bonita que a do Tabuleiro.
Também é importante estar com roupas e calçados adequados, passar protetor solar e levar água e lanche. A entrada no parque não é cobrada, mas o estacionamento custa R$ 10.
Turismo de experiência é com a gente mesmo, e a Fazenda Córrego Taboão, onde a intrépida Nicinha comanda a produção do queijo, é incrível! Ela é um mulherão da porra, que acorda as 3 horas da manhã, aparta vaca, capa porco, depena galinha, lava o curral, tira leite, produz e vende os queijos, faz teatro, canta no coral, faz pilates e ainda aparece impecável para receber as visitas.
O queijo produzido na fazenda há 80 anos era vendido a R$ 1,50. Hoje, depois de ter participado do Programa Crescer, da Anglo American, que ofereceu consultoria para o negócio dela, os queijos chegam a custar R$ 120.
Ela fez vários cursos, viajou pela Europa, e soube mesclar tudo que aprendeu com sua essência simples e brincalhona. Uma mistura que só poderia ser sucesso! Ela é a única produtora certificada da cidade, e leva o selo da denominação de origem do Serro.
Provamos cinco tipos de queijo: o Minas padrão, o casca clássica, o com fungo 3 meses de cura, o com fungo 6 meses de cura e o com fungo 2 anos de cura. Além das trancinhas, clássica e temperada. Cada um mais delicioso que o outro. Queijos que não deixam nada a desejar para os renomados franceses.
A Fazenda Córrego Taboão é a única a abrir as portas para os turistas, mas a visita vai muito além do queijo. A Nicinha faz questão de mostrar o Recanto Memorial, com objetos antigos que marcaram sua infância humilde. Além de apresentar o moinho d´água, que está na ativa até hoje. E no final, claro, serve um baita café da manhã, com queijos, geleias, doces, pão de queijo, biscoitinhos, sucos, café e leite, tudo produzido por ela. Uma experiência imperdível!
O Mercado Municipal de Conceição do Mato Dentro só funciona sexta e sábado, e é bom chegar cedo, por volta das 7 horas, para garantir que encontrará os quitutes desejados. Um dos mais disputados é o queijo da Nicinha, pois ela só comercializa o produto lá e em um supermercado local.
Lá a gente encontra também manteiga, farofa, biscoitos, frutas, verduras, legumes, carnes, artesanatos e até cosméticos, tudo orgânico. Não é muito grande, mas os produtos são de qualidade, e vem direto das fazendas da região.
O prédio é de 1931, data em que o mercado foi criado. Se você não estiver na cidade nos dias que ele abre, vale uma passadinha para ver a construção e fazer uma foto.
O edifício onde funcionava a Cadeia, o Fórum e a Câmara Municipal é um dos mais bonitos da cidade. Ele reina absoluto, num canteiro central, entre as ruas principais de Conceição. São dois andares, uma escadaria na entrada principal e várias janelas, as do pavimento inferior mantém as grades, pois eram usadas como celas.
O sobrado é de 1842 e testemunhou muitos acontecimentos importantes da época. Hoje ele é sede da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Espinhaço (AMME), mas dá para entrar e dar uma espiadinha no interior da construção feita em adobe e madeira.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição levou quase 100 anos para ser construída e foi inaugurada em 1802. Possui uma imponente fachada branca e marrom. Ainda tem um relógio inglês, abaixo do sino esquerdo, que aciona os badalos de hora em hora.
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ela está sendo restaurada, desde 2012, com previsão de entrega das obras em dezembro deste ano. Mesmo assim, pudemos conhecer o interior dela e ver de perto o trabalho dos restauradores.
O altar mor está a coisa mais linda do mundo, com destaque para as pinturas nas paredes, que estampam os principais fatos da vida de Nossa Senhora, e para o forro, que mostra a ascensão dela aos céus. As pinturas são originais da época da inauguração da igreja e foram descobertas debaixo de muitas camadas de tinta.
A sacristia também é cheinha de afrescos. Mas o que mais chama atenção é a série de painéis, possivelmente pintados por Mestre Ataíde.
O Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos fica no alto de uma colina e pode ser avistado de qualquer ponto da cidade. A igreja de torre central e ângulos retos, incomum para o período colonial, é ponto de encontro de peregrinos, que chegam todo ano entre 13 e 24 de junho, para celebrar o jubileu. O extenso gramado na frente do santuário serve de acampamento para os devotos, que armam suas barracas ali mesmo.
Anexo a igreja está o convento fundado pelos frades capuchinhos em 1750, quando chegaram em Conceição do Mato Dentro. Atualmente funciona somente como casa paroquial. No complexo ficam ainda um altar externo projetado por Oscar Niemeyer, a sala dos milagres, a via sacra e a casa dos romeiros.
O Largo do Rosário é o cantinho mais charmoso da cidade. A composição da pracinha com o chão de pedras, o coreto e a igrejinha, é o retrato de Minas Gerais. A construção data de 1728, quando os negros foram proibidos pelos brancos de entrarem na igreja matriz.
A imensa chave de ferro fica guardada na casa de uma vizinha da igreja. Se por um acaso não tivesse sido encontrada, não teríamos conhecido o interior da igreja. Bastou alguns solavancos na pesada porta azul, na lateral da igreja, para que a chave se virasse na maçaneta e adentrássemos ao templo.
Foi então que ficamos sabendo que a imagem que fica no altar mor tinha sido roubada da igreja matriz pelos escravos e levada pra lá. No teto estão representados os seis santos negros da igreja católica, com destaque para o São Benedito, pintado por um escravo.
No alto de uma ladeira está a singela Capela de Santana. De paredes brancas, portas e janelas azuis, a capelinha parece até cenográfica. Erguida em 1744, homenageia a avó de Jesus, Sant´Ana, figura de destaque na cena católica.
O hotel é simples, mas arrumadinho. O sinal da internet é fraquíssimo, quase não funciona, mas o café da manhã e o jantar são bons. A recepção é moderninha, com ambiente integrado ao restaurante. As diárias saem a partir de R$ 160.
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A Dona Neusa prepara pratos deliciosos, no estilo mais caseiro de ser. Frango criado no quintal, verduras plantadas na horta e sucos das frutas colhidas do pé. Depois de fazer as trilhas tudo que a gente queria era saborear o franguinho caipira feito por ela. O atendimento nas mesas é feito pela filha dela e no caixa fica o marido dela. Um típico restaurante familiar. O prato feito custa R$ 18.
O restaurante self service a quilo fica no centro da cidade. Tem muita variedade servida no fogão a lenha, além do churrasco. Feijão tropeiro, ora pro nobis, angu, quiabo, frango e lombo, são alguns pratos encontrados.
A Espinhaço Ecotur oferece diversos passeios pela região. Os guias Fábio e Jony, que nos acompanharam nos dois dias, são excelentes. O Fábio até emprestou uma bota reserva dele para o Marden, depois que a sola da bota se soltou completamente, no meio da trilha. Os passeios custam em média R$ 200 para até quatro pessoas.
Ficamos duas noites em Conceição do Mato Dentro e adoramos a cidade. Se você tiver disponibilidade sugerimos umas quatro noites. Nesse período dá pra conhecer também o Cânion do Peixe Tolo e a Cachoeira do Roncador. Além disso, aproveite para curtir o pôr do sol no Parque Municipal Salão de Pedras.
Apesar de ser conhecida também pela produção do Pastel de Angu, nas duas vezes em que estivemos lá não conseguimos comer a iguaria. Vimos somente uma plaquinha na fachada de uma casa, que dizia, vende-se o original pastel de angu da D. Lélia.
Você conhece Conceição do Mato Dentro? Conta pra gente aqui nos comentários o que mais gosta de fazer por lá!
Estou na cidade de Conceição a trabalho e realmente é tudo isso descrito!
Que bom, Ilse!
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