Entrevista: Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA)

Atualizado em: 02/10/2023 ás 13:21

O turista brasileiro e estrangeiro encontra em Minas Gerais riqueza e diversidade gastronômica, cultural, histórica e natural. Tesouros que vão do Circuito das Águas ao Circuito do Ouro, do cerrado à mata atlântica, do café à cachaça, do queijo ao pão de queijo, dos rios às cachoeiras. São as palavras do presidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS), Alexandre Sampaio. “Como disse Guimarães Rosa, Minas são muitas! É um estado nação, síntese do Brasil nos aspectos climático, econômico, social e cultural. Basta visitar Montes Claros, ao Norte, e Pouso Alegre, ao Sul, para comprovar a semelhança com o Norte e o Sul do Brasil”, aponta.

A entidade, também chamada Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), foi fundada em 23 de setembro de 1955 com a primeira sede no Rio de Janeiro. Três meses depois, foi reconhecida como coordenadora dos interesses da categoria econômica de hospedagem e alimentação fora do lar, conforme Carta Sindical de 30 de dezembro de 1955, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

“Nesses 67 anos de existência, a FBHA tem se dedicado a defender os temas de interesse dos setores que representa. Recentemente, atuou de forma incisiva pela aprovação da Reforma Trabalhista, reivindicando e sugerindo mudanças para diminuir o peso da legislação trabalhista brasileira e, assim, melhorar o ambiente de negócios no país”, explica Alexandre Sampaio.

O presidente lembra que o conjunto de ações que a federação coordena diariamente, assim como seus resultados em benefício do turismo brasileiro e dos setores de hotelaria e de alimentação fora do lar, podem ser acompanhados através do site e das redes sociais que mantém. “É a prova do êxito do trabalho realizado e o combustível para que possamos conquistar ainda mais vitórias, investindo cada vez mais no desenvolvimento do setor, da sociedade e do país”, acrescenta.

A FBHA está presente em todas as regiões do Brasil, através de 67 sindicatos filiados. Representa em âmbito estadual e municipal cerca de 940 mil empresas, entre hotéis, pousadas, restaurantes, bares e similares. 

É sabido que o turismo é um dos pilares da economia brasileira, reforça Alexandre. Especialmente, no contexto atual, a dinamização do setor é fundamental para a recuperação pós-pandemia. “Somos uma fonte importante de empregos em todo o país. É papel do Estado elaborar políticas para nosso segmento e tratar nossas demandas com a devida atenção”, pontua.

Ele ressalta que o setor turístico brasileiro açambarca inúmeras atividades e impacta de maneiras distintas os estados e as regiões do país. “A pujança de nossa natureza, já classificada pelo WTTC como nosso maior ativo, alavanca o empreendedorismo de prestadores de serviços de inúmeras empresas, investidores e profissionais. O turismo traz visibilidade e renda para diversas famílias em diferentes localidades”, continua.

Perfil do turista

Em tempo de coronavírus, Alexandre constata que, assim como o trade turístico precisou se reinventar, os turistas também precisaram se adaptar ao cenário pós-pandemia. Ele cita levantamento realizado em parceria entre o Ministério do Turismo e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mapeou que cerca de 57,2% das viagens, realizadas em 2021, foram em carro particular ou de empresas.

Esses dados mostram que, continua Alexandre, mesmo com a inflação e a alta nos preços das passagens aéreas, o brasileiro buscou alternativas para viajar e fomentar o turismo nacional. A pesquisa aponta ainda que a maior parte das viagens foi motivada por questões pessoais (85,4%), seguida de fatores profissionais (14,6%). Os principais impulsos pessoais para viajar foram: lazer (35,7%), visitas a parentes ou amigos (32,5%) e tratamento de saúde (19,6%).

Para a FBHA, as viagens curtas chamadas de “staycation”, ou turismo de proximidade, são uma tendência no Brasil, e fortalecem a retomada turística por aqui. Além das passagens aéreas mais caras, observa Alexandre, os turistas estão mais interessados em viajar para locais próximos de casa, preferencialmente, com menor fluxo de pessoas e longe de multidões.

“Os destinos com até 300 quilômetros de distância de quem quer viajar aparece como alternativa viável para esse momento. Com o turismo de proximidade ou rodoviário, é possível fazer viagens curtas ou até mesmo bate-e-volta e conhecer um lugar novo sem precisar ir para tão longe”, comenta o presidente da FBHA.

Para Alexandre, uma das vantagens do Brasil é a pluralidade e o povo acolhedor. É fato que os roteiros de fim de semana tornaram-se, com a crise do coronavírus, mais comuns e um alívio na rotina dos brasileiros. “Seja a lazer, trabalho ou eventos, os viajantes buscam uma experiência satisfatória e confortável”, diz.

Ações da FBHA

Sobre o futuro do trabalho na federação, a curto, médio e longo prazo, Alexandre conta que a entidade está engajada nas seguintes pautas: exclusão dos quadros de meios de hospedagem para efeito de pagamento de direitos autorais ao ECAD, pela execução de música, por rádio/televisão, mediante acionamento dos hóspedes; regulação específica da gorjeta; aprovação do PL de revisão da Lei Geral do Turismo; regulação econômica das plataformas digitais de hospedagem e de entrega; e desoneração da folha de pagamento.

No caso específico do escopo de trabalho em Minas Gerais, o escritório de Belo Horizonte está em funcionamento em home office, conduzido por Marcos Valério Rocha, representante comercial e institucional da federação. Até 2012, a atuação era restrita aos sindicatos de hotéis, restaurantes e bares nas cidades de Caxambu, São Lourenço, Poços de Caldas e Juiz De Fora, filiados à FBHA.

Com a contratação de Valério, a entidade passou a estar presente em todo o estado. Foram abertos os sindicatos de Pouso Alegre, Varginha, Camanducaia/Monte Verde e iniciadas tratativas para fundação dos sindicatos nas cidades de Lavras, Ouro Preto, Diamantina e Governador Valadares.

“Estamos também em negociação com outros sindicatos que não são até o momento nossos filiados, e promovemos uma série de eventos em todo o estado, que não se limitam apenas às cidades com sindicatos filiados”, explica Alexandre. Ele destaca o Encontro da Hotelaria, realizado em 13 cidades do interior – Caxambu, Poços de Caldas, Juiz de Fora, Monte Verde, Ouro Preto, Capitólio, Uberlândia, Governador Valadares, Montes Claros, Confins, Tiradentes, Brumadinho, Pouso Alegre, com oito edições em Belo Horizonte e a próxima marcada para novembro, em Sete Lagoas.

No segmento hoteleiro, a FBHA promove também o Encontro de Governantas e Camareiras, o Encontro de Concierges e Recepcionistas, o Breakfast Festival e o Festival Hotel Gourmet. A federação coordena ainda festivais gastronômicos, alguns em conjunto a sindicatos parceiros, como o Festival Boa Mesa de Caxambu, o Festival Gastronômico e Cultural de Pouso Alegre, o Festival Gourmet de Varginha, o Festival Serra Rio do Peixe, junto à Prefeitura de Pequi, e já apoiou o Festival Diamantina Gourmet. Para agosto desse ano, está programada a segunda edição do Seminário Sindicalismo e Associativismo Moderno, em Igarapé.

“É fundamental a presença da FBHA em toda Minas Gerais, com seus 853 municípios, a maioria com potencial turístico, o que demanda infraestrutura de hotéis, restaurantes, bares e similares. É o nosso papel dar suporte jurídico, institucional e técnico aos empresários e garantir condições para o desenvolvimento do setor hoteleiro e alimentação fora do lar”, salienta Alexandre.

FBHA

A Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) é uma entidade sindical patronal de grau superior, constituída com a finalidade de coordenação, defesa administrativa, judicial e ordenamento dos interesses e direitos dos empresários da categoria e atividades congregadas, explica Alexandre. Com base em todo território nacional, integra a chamada pirâmide sindical, constituída pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), pela própria FBHA, pelos sindicatos e pelas empresas do setor.

Segundo o presidente, cabe à FBHA representar a categoria em acordos, convenções coletivas e dissídios, em questões específicas e próprias ao exercício regular dos ramos de atuação, além de colaborar com os poderes públicos no estudo e na solução dos problemas do setor. A federação é uma das maiores entidades sindicais do país e tem representação nos principais órgãos, entidades e conselhos do setor empresarial e turístico do Brasil, tais como o Conselho Nacional de Turismo (CNT), do Ministério do Turismo, e o Conselho Empresarial do Turismo (Cetur) da CNC, também presidido por Alexandre Sampaio.

Além disso, atua firmemente na defesa dos interesses dos empresários do ramo de hospedagem e alimentação, acompanhando de perto a tramitação dos projetos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Por sua vez, elucida Alexandre, a CNC trabalha em prol da integração das Fecomércios e das Federações Nacionais, para harmonização do comércio de bens, serviços e turismo. “Um direcionamento é unir os sindicatos de todo o Brasil do Sicomércio para uma interação com as empresas nas suas bases, visando crescimento econômico, assessoramento jurídico/tributário, levando novas tecnologias e difundindo práticas de gestão modernas sob a égide da sustentabilidade, engajamento social e transparência”, pontua.

Acerca da sede da CNC inaugurada em Lisboa, no World Trade Center (WTC Lisboa Business Club), em abril desse ano, o primeiro escritório internacional, Alexandre diz que a intenção é promover uma aproximação das empresas do segmento representativo com a comunidade europeia, a fim de integração, troca de experiências e incremento de negócios, dada a proximidade da assinatura em definitivo do acordo comercial entre Mercado Comum Europeu e Mercosul. “Portugal foi a escolha pela menor distância física do Brasil, facilidade de idioma, laços culturais e grande presença do empresariado brasileiro por lá e português aqui”, diz.

Os nove sindicatos fundadores da FBHA:

• SHRBS de Belém (PA) – Camilo Lelis e Orlandino Ventura
• SHRBS de Belo Horizonte (MG) – Sezinando Marinho
• SHRBS de Caxambu (MG) – Antônio Miguel Arnaut
• SHRBS de Poços de Caldas (MG) – Agérico Flora
• SHRBS de São Lourenço (MG) – Sebastão Benedito da Silva e Sebastião Eleutério
• SHRBS de Niterói (RJ) – José Fernandes Vidal Filho
• SHRBS do Rio de Janeiro (RJ) – José Moreira da Cunha Netto e José Gil Dieguez
• SHRBS de Santos (SP) – Alfredo Rayel e Eugênio Rigatto Nett
• SHRBS de Recife (PE) – Francisco das Chagas Teixeira e Jesus Bastos de Souza Carneiro

A FBHA tem representação nos seguintes órgãos e entidades:

• Diretoria da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
• Presidência do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC (Cetur/CNC)
• Conselhos Nacionais do SESC e SENAC
• Conselho Nacional do Turismo do Ministério do Turismo (CNT/MTur)
• Comitê Brasileiro de Turismo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
• Câmara Setorial de Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Presidente

Empresário com mais de 41 anos de atuação no mercado hoteleiro carioca e fluminense, Alexandre Sampaio é presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e também do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Cetur/CNC), que reúne mais de 20 entidades associativas empresariais do turismo, além de representantes do turismo nas Federações do Comércio nos estados.

Alexandre é ainda membro do Conselho Nacional de Turismo do Ministério do Turismo, coordenador do Comitê Brasileiro de Normatização em Turismo (CB54), órgão de planejamento, coordenação e controle das normas relacionadas ao turismo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Com formação em Ciências Contábeis, foi presidente do SindRio entre 2002 e 2010, quando assumiu a presidência da FBHA.

Alexandre está à frente da FBHA desde 2010 e foi reeleito em 2022. Conta que se sente comprometido com a responsabilidade de responder aos votos outorgados pelos sindicatos que o elegeram, trabalho que concilia com a agenda como diretor da CNC, responsável pelo Cetur, e as demandas no hotel do qual é sócio. “Administrar à distância, atender expectativas de todo o Brasil, buscar a integração com o trade e outras entidades coirmãs e o diálogo com o Governo Federal. Os desafios são diários, mas temos obtido êxito nos pleitos que levantamos. É honroso atuar à frente de uma federação tão respeitosa e importante para a economia brasileira.”