Entrevista Leônidas Oliveira – Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais

“Turismo é história, cultura, empreendedorismo e experiência. É uma área de muitas possibilidades e com grande potencial de desenvolvimento dos aspectos social, cultural e econômico”, aponta o Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira. Cultura e turismo estão mesmo interligados. No cargo desde 2020 e agora no segundo mandato, o trabalho na Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult/MG) caminha para a construção de políticas públicas voltadas à cultura e ao turismo que viabilizem o desenvolvimento de ambos os setores. Afinal, são duas atividades próximas e que dialogam entre si, reforça Leônidas. “O objetivo é continuar posicionando Minas Gerais dentre os principais destinos turísticos do país e temos conseguido. Hoje o estado é o segundo mais procurado pelos turistas brasileiros”, enaltece.

Quando chega para conhecer uma nova cidade, mais do que colecionar registros, o turista busca também viver uma experiência que possa guardar na memória e levar consigo para sempre, nas palavras de Leônidas, e isso somente a cultura do local pode tornar possível.  “A sinergia entre turismo e cultura é muito grande. O turismo consegue também trazer novos investimentos, estimulando a economia da criatividade, o que, por sua vez, sustenta a atividade turística”, salienta.

De acordo com a pesquisa mais recente de demanda turística, divulgada no fim de 2022 pelo Observatório do Turismo de Minas Gerais, cita o secretário, a principal motivação dos turistas que vêm a Minas Gerais é a cultura. “Aqui são os atrativos culturais, como a cozinha mineira, os festivais, os patrimônios históricos, a arte barroca, moderna e contemporânea, que despontam no topo da lista de interesses dos viajantes. O ecoturismo e as estâncias hidrominerais ocupam, respectivamente, o segundo e o terceiro lugares”, informa Leônidas sobre o cenário do turismo no estado como um todo.

A secretaria hoje desenvolve seus projetos com base em alguns objetivos, como a descentralização de recursos, o estímulo e a promoção da atividade turística. A ideia, de acordo com o secretário, é manter e desenvolver o trabalho já iniciado de integrar Minas Gerais a Belo Horizonte. A partir do projeto Secult no município, cita Leônidas, equipes já visitaram e levaram ações de capacitação para mais de 100 cidades mineiras, do início do ano para cá, o que permitiu compreender melhor as diferentes realidades de cada região.

“É a partir desse contato que conseguimos ter novas ideias, exercendo um olhar que almeja estabelecer parcerias alicerçadas em uma via de mão dupla. É não apenas levar os conhecimentos da capital para o interior, mas também trazer toda a riqueza e os saberes do interior para a capital. Isso se dá no intercâmbio de diversas ações, tanto nas áreas de cultura e turismo, como exposições, cursos de capacitação, além dos editais públicos”, explica Leônidas.

O secretário conta que, com a atuação na pasta, ele e sua equipe têm conseguido alcançar o propósito maior de promover melhorias para a população por meio da geração de emprego e renda.  “Também trabalhamos com o objetivo de descentralizar as ações de cultura para todo o estado, capacitando os gestores culturais e de turismo na elaboração de projetos e atividades”, informa.

Estande de Minas Gerais na WTM, em São Paulo | Foto: @mardencouto @turismodeminas

Vitrine

Belo Horizonte tem tido representação importante em feiras voltadas ao segmento do turismo no Brasil e pelo mundo. As feiras internacionais, diz Leônidas, são um momento oportuno para promover a cultura e os diversos atrativos turísticos mineiros em outros países. Em janeiro deste ano, na participação da 21ª Madrid Fusión, em Madri, capital da Espanha, a maior feira de gastronomia do mundo, com a parceria com o Centro de Referência do Queijo Artesanal e a Embratur, a secretaria evidenciou a cozinha mineira, especialmente o queijo. “Recentemente foi realizada a entrega da candidatura dos Modos de Fazer O Queijo Minas Artesanal à Unesco, pelo Iphan. Essa articulação se deu junto com o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo e o Iepha, e as associações de produtores de queijo”, ressalta Leônidas.

Em janeiro, a equipe também esteve na 43ª Feira Internacional de Turismo (Fitur), a maior do segmento na Espanha. Na sequência, em março, foi a vez da ida à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL). “Essa foi a primeira vez que Minas Gerais teve um estande próprio no evento que reúne agentes de viagens, operadores e investidores de todo o mundo”, diz o secretário. Ainda em março, os representantes da Secult/MG desembarcaram na Alemanha para participar da ITB Berlim e estiveram na 42ª Vitrina Turística Anato, realizada em Bogotá, na Colômbia. “Vale pontuar que também em março foi criado um novo voo direto de Belo Horizonte a Bogotá pela Avianca. Estabelecer essa conexão com o trade turístico do país vizinho é importante para estimular tanto o turismo em Minas Gerais e no Brasil, quanto na Colômbia”, diz o secretário.

Na WTM Latin America, em São Paulo, a secretaria formalizou acordo de intenções com a CVC, empresa que ocupa posição de liderança nacional no setor turístico. Durante o evento, foi anunciada a próxima edição da Travel Next, voltada, especialmente, para os agentes de viagens, que acontecerá em junho, em Belo Horizonte, assim como a realização da Abeta Summit, maior congresso de turismo de natureza do Brasil, que será sediado em outubro, em Grão Mogol, município localizado na Cordilheira do Espinhaço.

Lêonidas fala sobre o estande de 200 metros quadrados que Minas Gerais ocupou na ocasião, e que teve a presença do Turismo de Minas. O projeto assinado pelo arquiteto Gustavo Penna e pelo designer Gustavo Greco reuniu as joias do artesanato e da moda mineiros, as manifestações das afro mineiridades, como o Terno de Congo da Festa de São Benedito, de Poços de Caldas, e a música caipira, descreve Leônidas. “Realizamos 300 atendimentos com potencial de estimular novos negócios. Dados de um levantamento realizado pela Secult/MG mostram que o impacto econômico gerado a partir desses negócios pode girar em torno de R$ 6 milhões, o que só reforça a importância do investimento na cultura e na economia da criatividade”, continua.

De volta à capital mineira, Leônidas aborda os planos de ampliação do Circuito Liberdade. A partir de 2020, cresceu a abrangência do circuito, hoje o maior complexo de cultura, arte, turismo e economia da criatividade da América Latina. “O enfoque na transversalidade entre a cultura e turismo tem fortalecido ações pensadas para atrair cada vez mais visitantes para Belo Horizonte e Minas Gerais. A expansão do Circuito Liberdade se torna mais um dos diversos atrativos da rota Via Liberdade, que lançamos em 2022″, conta.

Sobre eventos, como réveillon, carnaval, Minas Santa, entre outros, e sua contribuição para o turismo de BH e de Minas, Leônidas pontua que cada uma dessas datas é trabalhada dentro de programas específicos de políticas públicas de Estado. O objetivo é fomentar a estruturação, a qualificação e a promoção das atividades culturais e turísticas em Minas Gerais. Nesse sentido, o trabalho reafirma o potencial de promover o estado como um destino turístico de festas de fim de ano, como Natal e Ano Novo, além de Carnaval e Semana Santa.

“Buscamos integrar Belo Horizonte às diversas programações do estado, criando uma ampla rede, a partir do diálogo com os municípios e com as entidades que representam o trade turístico. A partir da elaboração de um portfólio, nós viabilizamos a promoção desses destinos com o intuito de levar mais informação para o público e convidar as pessoas a conhecer de perto os atrativos de cada cidade e região de Minas Gerais.”

Em relação ao Programa Reviva Turismo, voltado para os Circuitos Turísticos e lançado em 2021, a intenção principal é buscar alternativas para o setor, um dos mais impactados em razão da pandemia, esclarece Leônidas. O programa se sustenta em quatro eixos – biossegurança, estruturação, capacitação e marketing. “Nós tínhamos a meta de gerar 100 mil novos empregos até o fim de 2022, e alcançamos esse objetivo já em setembro do ano passado. O foco também era posicionar Minas Gerais entre os três principais destinos turísticos do Brasil, o que atingimos. A pesquisa mais recente divulgada pelo IBGE, junto com o Ministério do Turismo, confirmou Minas Gerais como segundo destino mais procurado pelos brasileiros“, enaltece o secretário.

O turismo é uma atividade de grande abrangência, capaz de movimentar diferentes cadeias e segmentos da economia, continua Leônidas. E, dessa maneira, é condição estratégica, especialmente quando o objetivo é a geração de emprego e renda, pontua. Além disso, por ter suas bases calcadas na cultura, acrescenta o secretário, o turismo contribui para a valorização das raízes de um povo e um lugar, reforçando a importância de se investir em arte e educação, além de projetos de preservação de culturas, dentre elas as afro e indígenas. “O turismo se volta especialmente às pessoas, que podem se sentir transformadas no momento de uma viagem. Dessa forma, também humaniza e estimula o aprendizado constante”, conclui Leônidas.

Estande de Minas Gerais, na Bolsa de Turismo de Lisboa – BTL | Foto @mardencouto @turismodeminas

Perfil

Lêonidas Oliveira tem 51 anos e é natural de São Gotardo, cidade mineira da mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba. É graduado em Arquitetura e Urbanismo pela PUC Minas, tem mestrado em Restauração e Reabilitação do Patrimônio Histórico Arquitetônico e Urbano pela Universidade de Alcalá de Henares/Gregoriana de Roma, na Itália, e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Valladolid, na Espanha. Assumiu a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, (Secult/MG), em maio de 2020 depois de ocupar as funções de presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), em 2019, de diretor-executivo da Fundação Nacional de Artes (Funarte), também em 2019, presidente da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, entre 2012 e 2017, e presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), entre 2016 e 2017.

Secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais Leônidas Oliveira | Foto: @mardencouto @turismodeminas