Por:Turismo de Minas
dez 2018
Atualizado em: 04/05/2021 ás 02:22
Mineiro tem fama de ser supersticioso, cheio de histórias e crendices, que atravessam as gerações. As lendas que são bastante famosas e conhecidas pelos moradores de diferentes regiões do estado provocam curiosidade e fascínio, mas também receio em muita gente, principalmente na criançada.
Lendas são narrativas em que um fato histórico, centralizado em algum herói popular, se amplifica e se transforma sob a imaginação popular. Em Minas, essas lendas surgiram das histórias herdadas pelos indígenas e também por mitos e contos trazidos pelos portugueses e africanos, que vieram para a região durante o Ciclo do Ouro.
Confira como surgiram algumas dessas histórias intrigantes, que fazem parte das peculiaridades de Minas Gerais.
Na famosa terra dos diamantes reza a lenda que os índios nativos e os homens que chegavam para desbravar o local, iniciaram grandes conflitos na disputa pelo domínio das terras. A veneração que os índios devotavam a grande árvore instigou os portugueses a atacá-la para atingir a tribo. Os nativos acreditaram que se a árvore, símbolo sagrado, fosse derrubada, o fim da tribo estaria próximo.
Tempo depois cacique e guerreiros que ali viviam entraram em conflito e muitos morreram, os poucos sobreviventes assustados se embrenharam pela mata. O céu escureceu e labaredas incendiavam a árvore. Nessa noite, uma grande tempestade atingiu o local com relâmpagos e trovões. Um velho pajé, vendo toda a situação lançou sobre a povoação uma maldição. Uma chuva torrencial caiu e as cinzas da árvore foram atiradas por toda parte, semeando o solo e depois transformaram-se em diamantes.
Conta-se que no local onde está Igreja Matriz de Santo Antônio era uma pequena capela e ao lado um cruzeiro onde um grupo de homens morreu ao levar uma boiada. Algumas pessoas diziam ouvir gemidos e lamentos, mas sem saber de onde surgiam. Até que um dia um morador resolveu perguntar o motivo de tanto lamento e avistou um homem sentado nas proximidades do cruzeiro que respondeu que gostaria que uma missa fosse celebrada em seu nome. A história diz que a suposta alma falou o nome da filha e deu o endereço para que a filha solicitasse a missa em nome do pai. O morador confirmou a história ao se dirigir até o endereço e descobriu que o rapaz morreu naquele local e há muito tempo que uma missa não era rezada para a sua alma.
Um rapaz português ao saber da possível prosperidade com o Ciclo do Ouro nas novas terras conquistada por Portugal demonstrou interesse e veio para o Brasil. Ao se despedir da mãe, ela o presenteou com uma imagem do Senhor Bom Jesus, para sua proteção. Com o tempo começou a gastar de forma desordenada, bebendo muito e perdendo a destreza para o trabalho.
Um dia teve um encontro com uma pessoa bem vestida que em alguns minutos de conversa o ludibriou. Ao fim da noite, a pessoa se revelou ser o diabo e convenceu o rapaz que poderia lhe oferecer vinte anos de uma vida plena com saúde, amores e muita riqueza em troca de sua alma. A ganância falou mais alto e o rapaz aceitou a proposta. Por mais vinte anos viveu de forma desregrada até se esquecer do tal trato. Na véspera que a proposta deveria se cumprir, o rapaz foi surpreendido para pagar a promessa. Mas, se lembrou da promessa que tinha feito a mãe sobre a construção da capela.
O diabo construiu uma capela em um pequeno terreno e quando o templo ficou pronto o português apareceu com a imagem e a depositou no altar dando a posse ao santo. Diz a lenda que após este fato o homem se arrependeu da vida que levou até ali e entrou na vida da penitência passando as suas noites dormindo na pedra fria do chão da capela tornando-se zelador da capelinha.
O cacique Ubiratã ao morrer deixou dois filhos, Ubajara e Tatagiba. A viúva não aguentou a perda do marido e ficou gravemente doente. Um dos pajés da tribo orientou os filhos que a mãe poderia ser curada se alguém fosse a uma determinada região e procurasse três coisas: ouvir a árvore que tem harmonias, ver o pássaro azul que diz coisas misteriosas e trazer um pouco d’água das fontes de ouro que tinham propriedades mágicas. Os rapazes deveriam ter muito cuidado porque no local havia monstros que encantavam as pessoas. O mais novo, Tatagiba, partiu a procura do antídoto para a mãe.
Ao longo do caminho o índio encontrou as indicações do pajé mas foi encantado e transformado em uma enorme serra cor do céu – conhecido como o morro da Piedade. O irmão mais velho, percebendo a demora do caçula decidiu ir atrás dele. Mas, para evitar que Ubajara também fosse vítima do encantamento o pajé receitou um óleo perfumado para livrá-lo de todo perigo. Ao chegar ao local, Ubajara ouviu a uma voz familiar entre as montanhas e era Tatagiba contando o que havia ocorrido com ele.
Ubajara pegou a água das fontes de ouro e foi ao encontro de sua mãe. Ao cruzar a montanha, derramou uma gota do misterioso óleo sobre o monstro que dormia e o Caraça foi transformado em rocha imóvel. Sua mãe foi curada pelo remédio trazido pelo filho mais velho e resolveu morar ao pé da montanha acompanhada de duas velhas índias, por isso, assim foi dado o nome do rio de Rio das Velhas.
Diz a lenda que uma moça era muito apaixonada pelo seu noivo de Congonhas. No dia de seu casamento, estando tudo preparado, o noivo aguardava a noiva no altar da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos e foram vítimas de uma tragédia, o carro que transportava a noiva capotou e matou todos os ocupantes. Sem saber o que fazer, o noivo muito abalado abandonou tudo e foi viver no seminário. Dizem que a noiva não se conformou e perambula durante as noites de branco procurando o seu amado pelas salas, pátios e banheiros da Fundação que é o prédio do antigo seminário.
Uma assembleia acontecia para decidir sobre uma imagem do Senhor do Mont’Alverne, que ia ser colocada no altar-mor da igreja. Os brasileiros desejavam que a imagem fosse esculpida aqui, já os portugueses queriam que a imagem fosse esculpida em terras lusitanas. Como o empasse não foi resolvido, adiaram a decisão. Até que um dia surgiu um peregrino, desconhecido na cidade e que pedia um local para passar a noite. O encarregado o deixou dormir no porão, onde o homem rapidamente se acomodou.
Por dias a porta permaneceu fechada e ninguém via o tal homem. As pessoas começaram a estranhar e resolveram arrombar a porta. Para a surpresa dos locais, o espaço estava totalmente escuro. E ao abrir as janelas avistaram uma imagem do Senhor do Mont’Alverne esculpida, em tamanho natural, pregado à cruz. A perfeição dos traços deslumbrou a todos, que passaram a atribuir o milagre ao peregrino. A notícia correu a cidade e gente de todo lugar se interessava em ver a imagem. Dias depois ela foi transportada para a igreja de São Francisco de Assis.
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